As cartas de Natal antes de uma partida
- Blandine R-da
- 29 de mar. de 2024
- 2 min de leitura

Carta a um amigo
Querido amigo,
Se no meu rastro eu pudesse deixar sequer uma parcela da tua grande humanidade, eu depositaria um beijo. Um dia envolveste-me com a tua simplicidade, hoje levas com força a minha fragilidade.
Agora, ao amanhecer da minha partida, cuidas das minhas dúvidas com a tua generosidade. Se isso pudesse ser pago, então eu me perguntaria a que preço eu teria merecido. Enquanto parece que estou abandonando-te, só penso no medo de não olhar mais para ti. Por que se tudo torna-se turvo, espero que continuará a iluminar-me. Como poderia agradecer-te tanto se eu perder o meio de te proteger?
Por mais sutil, por mais abstrata que seja a reciprocidade, eu não poderia contentar-me com o que já nos demos. Tão solar quanto o teu sorriso, eu voltarei para abraçar-te com o meu coração pleno. Força é o teu apoio, porque sem ele a solidão começa a aparecer.
Se nos meus pensamentos permaneces gravado, corarei quando te imaginarei a rir e a dançar.
A todos aqueles que marcaram e continuarão a marcar a minha vida com a sua amizade.
Carta à minha família
Querida Família,
Se esta palavra, "Família", tivesse que ter um significado, então eu lhe atribuiria uma imagem. Aquela de uma corda de cânhamo que se estica sempre um pouco mais, mas que nunca cede.
Firme quando te segura na tua queda. Suave quando faltas de calor. Rude quando te afastas. Robusta quando chega a tempestade.
A minha Família, é isso.
Observar as gerações com compaixão, como buscar a benevolência num espelho. Ouvir a voz dos Sábios para pesar tudo na balança da Justiça Interior e não se perder.
É também preocupar-se uns com os outros ao limite do sacrifício. Trazer e carregar um amor tão grande que os limites da responsabilidade se desvanecem. Amar sem medidas para proteger, compartilhar para amar-se ainda mais.
Porque as palavras, a palavra "Família", nunca serão suficientes para expressar tanta gratidão.
Blandine De Almeida
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